Um filme dos
anos 80, em formato de livro.
Eleanor
& Park é o único livro da escritora Rainbow Rowell publicado no Brasil. A
autora já escreveu mais outros dois livros: Attachments, em 2011, seu livro de estréia, e FanGirl, em 2013,
mesmo ano em que a autora escreveu Eleanor & Park. Apenas recentemente
Eleanor & Park foi traduzido para o português, e não há sequer previsão
para a tradução dos outros. Mas a boa notícia é: há a possibilidade de o livro
virar filme!
Eleanor
& Park é um romance, ambientado nos anos 80, que fala sobre os dois
adolescentes que dão nome ao livro. Ambos têm problemas para se ajustarem à
escola que estudam, por serem diferentes do restante dos alunos, mas logo
começam uma amizade baseada em gostos em comum por quadrinhos e música. A
amizade evolui para um romance, que logo encontra obstáculos: a família de
ambos. Aliás, principalmente a família de Eleanor. Como é possível notar, a
premissa do livro não é inovadora, ao contrário, beira ao clichê.
Entretanto,
se diferencia de outros livros justamente por sua base: o romance. O Eleanor
& Park foca-se prioritariamente no romance entre os protagonistas, dando
atenção para os seus personages principais de tal maneira que, não somente
passamos a conhecê-los intimamente, como até mesmo podemos prever suas reações.
As características de ambos são amplamente descritas e enfazatidos durante todo
o livro de tal maneira que facilmente temos uma imagem mental de sua aparência
física. Vai além, conseguimos nos sentir familiarizados com os dois, eles
passam a ser pessoais quase reais, cometem seus erros, tem suas qualidades e
defeitos, não soam superficiais em nenhum momento.
Diferencia-se,
também, Eleanor & Park de outros livros do mesmo gênero por como o relacionamento
dos dois personagens principais começa. Enquanto alguns livros e filmes
consegue fazer com que o primeiro contato entre um casal soe superficial e
constrangedor, a autora consegue trazer um ar de naturalidade ao primeiro
encontro deles. O relacionamento dos dois começa pela amizade, pelos gostos em
comum, com conversas simples sobre quadrinhos, música, livros, filmes.
Conversas que podem acontecer com qualquer pessoa, a qualquer momento,
conversas muito próximas às reais. Há também, obviamente, a atração física, mas
o romance deles não se limita a isso.
A música
também tem um grande papel no livro: os dois personagens principais comentam
sobre músicas e algumas até embalam alguns momentos entre eles, funcionando
quase como uma trilha sonora para a história. Bandas como The Smiths, The Cure,
U2, The Beatles, e muitas outras são amplamente citadas durante o livro. Quem
não conhece alguma delas, vale a pena conferir, principalmente porque a
atmosfera entre as músicas citadas e a história contada é a mesma.
É
interessante notar como ambos personagens evoluem durante a história. Entedemos
porque Eleanor fala que a foto de Park, tirada em outubro de 1985, já não mais
condiz com a realidade, já que o garoto parecia estar muito mais velho apesar
do pouco tempo transcorrido. Os dois personagens evoluem juntos, cada um
motivando a transformação no outro. Assim, ao final do livro, vemos Park agir
de uma maneira mais adulta e já não nos surpreendemos.
O livro,
entretanto, não é perfeito. Comete uma falha ao não aprofundar a história da
família de Eleanor, sempre deixando a mãe, o padastro e os irmãos da garota
como plano de fundo para o romance com Park. Acabamos o livro com a sensação de
que não muito foi explicado em relação à família da jovem, apesar de durante
todo o livro é a familia dela que impede o relacionamento com o garoto. Queria
saber sobre o porquê de a mãe e o pai dela terem se separado, queria saber um
pouco mais da manipulação do padrastro de Eleanor sobre a mãe e as crianças.
Fica-se subentendido que Eleanor deve temer Richie, seu padastro, mas nunca
fica evidente o porquê disso. Por exemplo, em certo momento da história –
calma, não é Spoiler! – Eleanor escuta vozes de pessoas dentro de sua casa e um
som de tiro, ela então corre para chamar a polícia. Pensamos que posteriormente
a presença de tais pessoas na casa da menina, ou até mesmo os tiros, seria
explicado, mas aparentemente a autora só cita para exemplificar, mais uma vez,
o medo que Eleanor tem de seu padastro.
O livro foi
escrito em terceira pessoa, entretanto, a autora é inteligente ao variar os
pontos de vista, fazendo com que seja possível adentrar a mente dos personagens
e saber exatamente o que eles pensam naquele momento, parecendo ter sido
escrito em primeira pessoa.
A segunda
falha do livro aparece, entretanto, justamente na escrita, pois ela se torna
muito bobinha. A autora se utiliza de frases muito curtas, com excesso, fazendo
com que a leitura seja de certa forma até imatura. Por exemplo, em certo trecho
do livro:
Eleanor esperava que Park estivesse
esperando-a no ponto de ônibus, mas não reclamaria se ele não estivesse.
Ele não estava.
Com a
repetição exagerada de pronomes como “ele” e “ela” e a recorrência em utilizar
as mesmas palavras para descrever sentimentos, a escrita da autora pode ser
qualificada como fraca. Aqueles que procuram uma escrita mais aprofundada, com
maiores descrições e realmete adentrar no ambiente do livro, não irão gostar da
forma de escrever da autora. Para completar, a autora ainda tenta aproximar a
escrita da fala, utilizando certas gírias que pela repetição constante e pelo
seu uso errado – já que muitas vezes ela utiliza as gírias em momentos errados
– provoca um efeito de superficiliade à fala dos personagens.
Para finalizar,
o livro é bom, com uma atmosfera meio anos 80: comédia romântica, em um
ambiente escolar, menina estranha, menino estranho, garotos populares
praticando bullying, mix de músicas gravas em fitas cassetes, carros antigos,
etc. Mas não é indicado para pessoas que procuram romances com mais
profundidade ou drama. Quem gosta de livros fáceis e rápidos de ler e até mesmo
romances bobinhos, irá amar Eleanor & Park.
P.s.:
inspirada pelas músicas presentes no livro, resolvi criar uma pequena
“playlist” de alguns cantores e bandas citados durante a história. As cinco
primeiras músicas são citadas no livro, as restantes são apenas músicas que
achei a cara da história. Espero que gostem: Playlist
- Mariana Estrela.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEsse livro... Comprei esse fim de semana pelo site da amazon. Tô ansiosa para lê-lo, embora não tenha criado expectativas, pois não é exatamente meu gênero favorito. Mas espero que seja uma leitura agradável *-*
ResponderExcluirMar,
http://sonambulismoliterario.blogspot.com/
Marmel, leia de uma maneira descompromissada, é uma leitura bem fácil e leve! Espero que goste! :)
Excluir- Mariana E.