segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Resenha: Gaveta Aberta, de Ítalo Anderson


Pra que coisa melhor do que falar de livro brasileiro? Inaugurando as resenhas de livro de poesia com Gaveta Aberta, de Ítalo Anderson.

Nunca fui uma grande conhecedora de poesias e sempre me angustiei um pouco por não saber onde procurá-las e onde conhecer autores. Eis que por uma enorme sorte se descobre que os bons poetas andam ao seu lado e às vezes cursam o ensino fundamental junto com você!

Ítalo Anderson Clarindo, novo autor brasileiro, estudou com a gente (Mari e eu) durante todo o ensino fundamental. Só agora, porém, temos a oportunidade de conhecer sua obra.

Inicialmente, queria dizer que achei a capa do livro linda e de muito gosto. Antes de dar início à leitura, especula-se sobre a qualidade da obra pela capa, pelo seu título criativo e também pelos nomes dos poemas que vemos do índice do começo. Gaveta Aberta me deu uma sensação de revelações descuidadas, como uma parte de alguém que se revela, não por ser secreta, mas por se permitir ser mostrada (evidentemente, isso é algo bem subjetivo, mas aí mesmo está uma vantagem da linguagem poética!).

Gaveta Aberta é um livro muito sensível, muitos de seus poemas traduzem sentimentos sem nome que temos e não conseguimos nomear ou definir. Há uma abordagem abrangente de temas pelo autor, dando espaço para desde as questões emocionais e existenciais até os sentimentos passageiros e as situações inusitadas. Em todos os poemas, porém, o autor mantém sua simplicidade, marca de sua escrita.


É uma leitura muito agradável e de uma criatividade que salta aos olhos. Tenho certeza que é uma obra agradável para todos os públicos, até mesmo os que não costumam ler poesia. Super recomendo!


Nada melhor do que a leitura para conhecer a essência do livro e do poeta, portanto, termino essa resenha com alguns dos poemas que mais me chamaram a atenção.

-Beatriz

Ítalo possui duas páginas no facebook para quem desejar conhecê-lo melhor.
https://www.facebook.com/GavetaAbertaLivro?fref=ts (página do livro Gaveta Aberta)


Relógio cravejado
Comprou-a um relógio
Todo cheio de pedra
Na feira da catedral
Sussurrava no ouvido
Segurava mão depois da missa
Dizia ser o tal
Te amo, docinho
Fica assim comigo
Te quero tão bem
Acode, painho
O relógio era falso
E o amor também.


Poema fiscal
Meio da rua
Da rua do meio
Centro da cidade
Ouço um tiroteio
Medo de perder a vida
Encontro uma caneta
Inspiração indevida
Ideia fora de hora
Pra não perder o poema
Prum poeta pega mal
Escrevi o bendito
Em uma nota fiscal.